Frente Comum de Sindicatos não dá férias à luta

A <i>praia do descontentamento</i>

Guarda-sóis abertos, toalhas estendidas e pessoas deitadas nelas, um ou outro de calções, passando creme nas costas e nas pernas – tudo isto se viu na «praia do nosso descontentamento», frente ao Ministério das Finanças.

A defesa dos serviços públicos une trabalhadores e utentes

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Esta foi uma acção satírica simbólica, que a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública promoveu, ao fim da manhã de quinta-feira, 26 de Julho, para realçar a diferença entre os senhores do poder, seja político ou económico, que possuem todos os meios para fazerem grandes férias, tal como têm grandes rendimentos e mordomias durante todo o ano, e os trabalhadores da administração central e local, da saúde, da educação, da justiça, da defesa, a quem foi roubado o subsídio de férias, a acumular com graves perdas e ameaças.

O recinto da «praia», junto à estação fluvial, foi delimitado com flâmulas e faixas, suportadas nas baias que separam o espaço pedonal e o trânsito automóvel, clamando «o subsídio é nosso», «contra os roubos», «em defesa do serviço público». As portas do Ministério, a algumas dezenas de metros, tiveram a protecção acrescida de uma dúzia de polícias, mobilizados para ali apanharem sol de farda completa. No centro do cenário, foi montada uma piscina insuflável, rodeada por cadeiras com os retratos do primeiro-ministro e seus ministros.

Afirmar que o subsídio de férias «é nosso», tal como o subsídio de Natal e outras retribuições e direitos conquistados com a luta dos trabalhadores da Administração Pública, foi o objectivo que começou por recordar Ana Avoila, quando subiu ao palanque destinado às intervenções dos dirigentes sindicais dos diferentes sectores. A coordenadora da Frente Comum considerou que o recente acórdão do Tribunal Constitucional veio dar razão aos sindicatos, que defenderam sempre que o roubo violava a lei fundamental, o que justifica a exigência da imediata reposição do subsídio retido.

Mas realçou ainda outros objectivos na base do protesto, destacando a defesa dos serviços públicos e a alteração da legislação laboral aplicável aos trabalhadores da Administração Pública. Atacados pela mesma política, os trabalhadores e a população, em geral, devem continuar e intensificar as suas acções, para travarem a ofensiva do Governo, ao serviço dos grupos económicos, apelou a dirigente.

Uma delegação entregou no Ministério a resolução sobre o roubo dos salários e subsídios, aprovada na recente reunião da Comissão Coordenadora da Frente Comum, dia 13, que também aprovou o projeto de Proposta Reivindicativa Comum para 2013.

O texto final desta proposta deverá ser aprovado na Cimeira de Sindicatos, marcada para 4 de Setembro. Aí deverão ser anunciadas novas acções de luta.



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